A coleção bizantina do Metropolitan Museum (Nova Iorque) – parte I
9junho 14, 2011 por João Vicente
No ultimo Natal estive em Nova Iorque, Estados Unidos e tive a oportunidade de visitar no Metropolitan Museum of New York, ou simplesmente o Met.
O Met foi o único dos grandes museus do mundo (aqui se inclui o Louvre, Hermitage ou do Prado) que visitei pessoalmente. (Já é possível visitá-los virtualmente graças uma das novidades da Google Inc). Enfim, passei duas tardes nesse museu e não tive tempo de ver ele inteiro, nem mesmo pude ver as coisas que mais me interessariam. No entanto, dediquei uma boa parcela de tempo no setor bizantino. Apesar de que as peças em exibição represente uma pequena parte da coleção bizantina do Met, exposto há uns anos atrás na exibição The Glory of Byzantium, os objetos que ali estavam já foram o suficiente para me impressionar.
A coleção bizantina do Metropolitan Museum (Nova Iorque) – parte II
A coleção bizantina do Metropolitan Museum (Nova Iorque) – parte III
Sendo assim, publicarei, nessa entrada e em algumas outras, as peças que, em minha opinião, são as mais significativas. Aproveito para pedir perdão pela pouca qualidade das minhas fotos. Elas foram feitas numa câmera que é longe de ser uma profissional, com vidros protetores, que muitas vezes faziam reflexo, e disputando espaço com centenas ou milhares de outros turistas.

Lecionário Bizantino. Escrito e iluminado em Constantinopla em aprox. 1100. Feito com tempera, ouro, tinta e pergaminho. Encapamento de couro.
A primeira peça que destaco é um lecionário feito em aproximadamente 1100, em Constantinopla. Provavelmente encomendado pelo Patriarcado em Santa Sofia, esse lecionário, uma reorganização dos Evangelhos conforme as liturgias diárias, é um belíssimo representante da arte – extremamente valorizada pelos bizantinos – de se fabricar livros. A caligrafia, os desenhos e até o encapamento eram trabalho feitos com enorme preciosismo, transformando o livro numa parte importante de um patrimônio pessoal ou eclesiástico.
Nesse livro destaca-se a imagem do evangelista Mateus escrevendo numa escrivaninha com um fundo urbano e a mão de Deus acima, abençoando-o. Essa cena de evangelistas, santos ou importantes figuras públicas ou literárias no ato da escrita ou da leitura individual é recorrente na iconografia bizantina, o que demonstra que tal prática (da leitura individual), ao contrário da Cristandade Feudal, era bastante comum. Tal constatação é importante para aqueles que se dedicam ao estudo da literatura bizantina.
As próximas imagens (as representações de São Teodoro, São George e São Demetrio) são resquícios de uma interessante prática, surgida no século IX, de representar santos de histórico militar com trajes do alto oficialato do exército bizantino. O aparecimento dessas imagens é profundamente ligado ao surgimento de famílias aristocráticas com raízes nas províncias orientais do Império, que, na luta contra os muçulmanos, adquiram uma forte identidade militar e gradativamente foram monopolizando os cargos mais altos da hierarquia do exército.
Continuando com as peças ligadas a essa aristocracia emergente, observamos esse prato com um guepardo representado. Os membros da aristocracia bizantina, incluindo imperadores, tinham na caça a sua principal forma de lazer e essa era realizada com ajuda de cães, falcões e guepardos treinados.
Fechamos entrada de hoje com uma bela representação em mármore de um grifo do século XIII. Os grifos eram animais vindos da mitologia pagã e protetores da realeza e dos mortos. Mesmo com o fim do paganismo, ele continuou a ser adotado por todo o mundo mediterrâneo. Segundo uma lenda bizantina, um grifo levou Alexandre Magno para o alto dos céus, para que desse modo ele pudesse ver todos os seus domínios, sendo assim ele continuou aparecendo tumbas aristocráticas bizantinas.
Em outras entradas, irei postar mais fotos que tirei da galeria bizantina no MetMuseum.
Categoria: Artigos | Tags: iconografia, imperio bizantino, museu
Estou fazendo um estudo sobre dois mosaicos localizados na Igreja de San Vitale, em Ravenna. São eles: “Justiniano e sua comitiva” e “Teodora e sua comitiva”. Se o professor puder fazer algumas sugestões a respeito deste estudo, ficaria imensamente grata. Sou aluna do Curso de Especialização em História Antiga e Medieval da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Olá Ivana, agradeço pelo seu comentário. Eu posso te recomendar esse artigo com uma interpretação interessante sobre esses mosaicos. http://www.jstor.org/stable/3046283?seq=1#page_scan_tab_contents
Olá, João.
Antes de mais nada, muito obrigada pela gentileza da resposta. Já tive contato com este artigo, e sua indicação me dá mais tranquilidade em relação ao caminho que estou seguinto.
Muito obrigada pela força!
Saudações,
Ivana Orichio
[…] A coleção bizantina do Metropolitan Museum (Nova Iorque) – parte I […]
[…] entrada de hoje, irei continuar com a publicação das fotos que tirei da coleção bizantina do Metropolitan Museum de Nova […]
Desculpe o comentário anterior, pois coloquei errado, era a chamada para o envio do teu endereço do Blog para meus colegas. Mas já enviei. Um abraço.
Olá Carmen. Agradeço pelo comentário e pela recomendação. Fico feliz que meu site tenha lhe agradado. =) Um abraço.
Excelente blog de um pesquisador que trabalha com Bizâncio.
Excelente Blog, vou recomendá-lo, parabéns.